28 de março de 2024
Plano B: Você tem um?

Plano B: Você tem um?

Plano B: Você tem um?

Sou fã incondicional do Plano B.

Pois na vida, temos que estar preparados para mudanças de rota, de emprego, de propósito, de modelo mental, de prioridades, de aprendizados, de parceiro(a), de profissão, a qualquer tempo. Para a grande maioria da população o Plano B deixou de ser uma opção para tornar-se uma necessidade.

Mesmo sendo um bom profissional, você pode ser demitido sem justa causa. Mesmo sendo um bom empresário, o seu negócio pode ser canibalizado por uma startup ou por uma grande corporação.

Mesmo malhando e meditando, a pressão do ambiente de trabalho pode te levar a um burn-out. Mesmo aposentado, você precisa gerar renda adicional para se manter por mais 20 ou 30 anos e, não raramente, dar um help para os filhos adultos.

As pessoas estão vivendo mais e muita gente não sabe o que fazer com o tempo extra. No Brasil, a expectativa de vida já bate nos 80 anos! Mas não são apenas os coroas que carecem de um Plano B.

Muitos jovens estão revendo seus projetos de vida, longe do stress corporativo ou do sucesso financeiro e mais próximos de uma causa social ou de um empreendimento inovador.   

O meu Plano B 

Minha paixão pelo Plano B ocorreu em etapas e aconteceu por acaso. Comecei a trabalhar logo que entrei na faculdade de jornalismo em 1971 e percebi de cara que não tinha saco para ficar muito tempo num emprego, fazendo a mesma coisa todos os dias. Meu limite eram dois anos.

A tal rotina era mortal pra mim. Meu Plano B foi montar bares. Assim, quando deixava um emprego, tinha um negócio para cuidar. E foram bares que marcaram época em São Paulo: Quincas Borba, Paulicéia 22, Barravento, Divina Comédia, Metrópolis, Constantinopla, Rigoletto, Buca del Pazzo, entre outros.

Faltou experiência para constatar que meu Plano B era um negócio potencialmente mais promissor que o Plano A. Erro fatal. Hoje, certamente, minha vida financeira estaria bem mais tranquila, mas não reclamo.

Errando e aprendendo, é assim que a gente cresce.  Meu último emprego formal foi na TV Globo, que deixei em 1985. De lá pra cá me tornei um empreendedor sistemático. Foram diversas empresas: de produtora de vídeo a provedor de internet, de portal de conteúdo a e-learning, de marketing político a consultoria de inovação, fiz um pouco de tudo.

Não fiquei rico, nem pobre, mas estou feliz em poder repensar meu futuro aos 70 anos. O segredo do fracasso é jogar a toalha antes do tempo e não acreditar que há um outro jeito de fazer as coisas. Sempre há espaço para um Plano B.

Hoje, estou focado no desenvolvimento de projetos de impacto socioeconômico, capazes de contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Afinal, a pandemia só fez piorar o que já estava ruim e, neste contexto, senti a necessidade de dar a minha contribuição, pois a experiência faz a diferença, apesar deste fato não ser devidamente valorizado.

Pedigree à parte, quero analisar neste artigo um fato que tem me acompanhado ao longo da vida, que é a necessidade de estarmos prontos para aceitar e promover mudanças. O que eu chamo de Plano B.  

O Plano B de cada um 

Todos nós buscamos algum tipo de sucesso ou reconhecimento em nossas atividades. Muitos traduzem essa meta simplesmente por dinheiro. O mundo tem pouco mais de 2.800 bilionários e 50 milhões de milionários.

Um grupo muito seleto de pessoas controla praticamente toda a riqueza do planeta, que abriga outros 7 bilhões de pessoas, que consomem quase tudo que esta turma aí de cima produz.

Portanto, se a sua meta é ser um milionário, prepare-se para uma dura jornada. É sempre bom lembrar que Elon Musk, Mark Zuckerberg, Luiza Trajano, Abílio Diniz, Guilherme Benchimol, Jeff Bezos, Warren Buffet, Bill Gates, entre outros bilionários e milionários que servem de modelo para jovens empreendedores, só tem um exemplar de cada.

É fato que para muitos de nós, empreender é um Plano B, portanto trata-se de uma opção a ser valorizada, mas precisamos ajustar a pretensão da meta e o custo do sacrifício, pois o resultado final pode decepcionar.  

O Brasil entrou definitivamente na rota da inovação, atraindo investidores de todo mundo e vários unicórnios entraram em cena nos últimos anos. Levantamento da plataforma Distrito avaliou que, de janeiro a novembro de 2021, as startups brasileiras receberam investimentos da ordem de US$ 8,85 bilhões.

Um valor três vezes maior do que o registrado em 2020.  O país concentra 77% das startups e 70% dos investimentos em inovação da América Latina. Apesar do cenário altamente promissor e estimulante, apenas um pequeno percentual das startups escala para um patamar sustentável de negócio.

A grande maioria sucumbe ou estaciona, mas isso não tem inibido os novos empreendedores, pois uma das grandes qualidades da inovação é a resiliência, a capacidade de se recriar e se adaptar a mudanças bruscas.

Grandes empresas têm mais dificuldades para detectar as necessidades destes movimentos e acabam pagando um alto preço pelo descuido. 

O fax, o pager, o Palm são alguns exemplos de produtos inovadores para sua época que foram canibalizados pela inovação acelerada, ao contrário do celular e do computador, que evoluíram e continuam evoluindo, ainda que algumas marcas líderes tenham perdido relevância nesse processo, como foi o caso da Blackberry , Xerox e a Kodak.

Estas perderam espaço para outros atores mais atentos e ágeis. Muitos deles entraram em cena neste século e revolucionaram negócios tradicionais, Airb’nBUbercriptomoedas são exemplos da necessidade constante de inovar e termos um Plano B sempre à disposição. 

Um Plano B para o planeta 

Este é o Plano B mais necessário e vital para todos nós.  

Em 2015, ONU lançou os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, conhecidos como ODS, com suas 169 Metas que devem ser atingidas até 2030. Passados 7 anos, pouco ou nada evoluímos neste sentido. O engajamento das empresas aos ODSs está mais no discurso midiático do que na prática.  

ESG (Environmental, Social and Governance) é outro conceito da hora. Nasceu em 2005, mas só agora está conquistando adeptos, mas assim como os ODSs, os resultados ainda são pífios. Aliás, o foco tem sido muito mais no E, do que no S e no G. Como sempre, o Social ficou em segundo plano. 

Em 2010, John Mackey e Raj Sisodia forjaram a tese do Capitalismo Consciente, que propunha uma revisão no conceito tradicional de capitalismo praticado pelas organizações.

Na minha modesta opinião, o Capitalismo Consciente abriga ótimas intenções, mas precisa valorizar o papel dos consumidores neste processo, afinal são eles – ou seja, nós – que sustentamos o capitalismo, que ainda nos vê mais como mercado do que como pessoas.  

Na esteira deste conceito, foi criado em 2011 o Sistema B que é um movimento global que pretende redefinir o sucesso nos negócios, valorizando as empresas que utilizam seu poder de mercado para solucionar um problema social ou ambiental.

Mais uma iniciativa que merece aplausos e que, homeopaticamente, está chamando atenção da iniciativa privada.  

Outro conceito que não é novo, mas que voltou à cena neste século foi o da Economia Circular, citado pela primeira vez em 1989, em artigo assinado por David W. Pearce e R. Kerry Turner.  

O conceito tem por base a reciclagem de todo e qualquer rejeito de produto, a fim de reduzir a poluição ambiental que é vital para a sustentabilidade do planeta a longo prazo.  

Minha intenção ao citar esses exemplos é mostrar que existe um pensamento inteligente em curso no mundo, só que ainda carece de uma escala global, a ponto de estimular em todos nós a necessidade de rever a nossa responsabilidade neste processo.

A conclusão óbvia é que o Plano A não funcionou e precisamos colocar em prática um Plano B para o planeta, mas isso requer um esforço imenso que, como toda e qualquer transformação, começa com um primeiro passo. 

Hoje sabemos muito sobre quase tudo, portanto é possível agir para tornar a vida na Terra mais digna e justa para todos.  

Futuristas como Yuval Harari, Michio Kaku e Ray Kurzweil tem nos ajudado a entender melhor os desafios do futuro, com teses surpreendentes e assustadoras ao mesmo tempo.

Porém, me parece que todas elas são factíveis e cabe a nós lutar por uma relação mais justa entre o homem e a máquina, entre o desenvolvimento e o meio ambiente, entre o capital e a humanidade.  Estas premissas devem estar presentes no Plano B de cada um de nós. 

Gerd Leonhard é outro futurista que respeito, em especial por seu otimismo em relação ao futuro, que é contagiante, apesar do cenário intimidador que vislumbramos no horizonte.

Recentemente, Gerd publicou um vídeo denominado The Good Future, onde ele expõe as razões de seu otimismo, enfatizando o quanto evoluímos em diversas áreas do conhecimento, como energia, produção de alimentos, mobilidade,  engenharia genética, tecnologia, entre outras.

Tais inovações nos permitem redesenhar o futuro para uma relação muito mais saudável e sustentável com o planeta.  

Um bom Plano B prescinde de uma mudança dentro de nós, pois a mudança deve ocorrer de dentro para fora e vice-versa.

Neste caminho, descobri recentemente o Heartfulness, que é um movimento internacional inspirado na meditação yóguica, que reúne milhões de adeptos em todo mundo e também propõem uma nova relação entre as pessoas e o planeta, tendo o coração como órgão central que orienta todas as nossas decisões.

A premissa é que o coração é isento. Não julga, enquanto a mente é contaminada por fatores externos que comprometem a qualidade das nossas decisões.

Uma visão interessante, que só poderia emergir de uma cultura milenar como a indiana. Este foi um dos fatores que me estimularam a conhecer mais a prática Heartfulness, uma meditação que nos dá mais tranquilidade para enfrentar os desafios cotidianos e nos estimula a um comportamento mais humano e amoroso com nossos semelhantes.  

E você, já tem um Plano B? 

https://prensa.li/jornalistasonline/plano-b-voce-tem-um/

Escrito por
Ricardo Mucci
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