29 de março de 2024
Moralidade era apenas máscara

Moralidade era apenas máscara

O senador Humberto Costa (PT-PE), representante da oposição na CPI da Pandemia, não deixou pergunta sem resposta – desde o que havia tratado na reunião dos senadores da Comissão minutos antes da começar a entrevista, até a enumeração de alguns dos crimes e omissões cometidos pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, no enfrentamento ao novo coronavírus. Na data da entrevista, as estatísticas marcavam cerca de 560 mil mortos, enquanto a Polícia Federal abria inquérito para investigar supostos vazamentos sobre o escandaloso esquema de distribuição de propinas da compra da vacina indiana Covaxin.

“Eles pensam que vão nos intimidar com a Polícia Federal

Ainda na mesma data o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, acolheu o pedido do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de incluir Jair Bolsonaro na investigação que apura a disseminação de fake news, entre outros onze crimes que poderiam ter sido cometidos por ele – desde injúria até associação criminosa.

Garantir o estado de direito é uma luta bem mais ampla do que a construção de uma candidatura

O senador não evitou falar do futuro, no qual se vislumbra a probabilíssima candidatura do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.  “Ele está conversando com todos que podem estar unidos desde o primeiro turno ou num eventual segundo turno das eleições de 2022, e sabe que, quem quer que seja eleito, não vai encontrar o Brasil nas mesmas condições favoráveis de 2002 – pelo contrário”, disse Humberto Costa, que prevê a formação de “um governo de reconstrução nacional, ou qualquer outro nome que venha a ser dado, pois o país vai estar inteiramente arrasado”. “Mas, antes disso,” advertiu, “nós temos de garantir a continuidade do estado democrático de direito e a realização de eleições livres. Isso ainda é uma luta bem mais ampla do que a construção de uma candidatura”.

PT terminou sendo vítima de erros de seus aliados e de seus próprios erros

Humberto Costa respondeu a todas as perguntas – e não tergiversou quando a entrevista entrou no minado território da autocrítica do PT. Ele lembrou do “salto civilizatório” do Brasil durante os governos Lula e Dilma, frisou a sistemática “campanha difamatória” contra o partido.
Mas, atalha, o PT também cometeu erros. Um deles foi o de não ter apresentado um projeto de reforma política quando era governo e tinha poder para tanto.

A entrevista do Jornalistas Online durou quase uma hora e foi ancorada pela jornalista Sylvia Jardim, com o apoio dos jornalistas Carlos Muanis, Luciano Martins Costa e do que subscreve essa matéria. Durou quase uma hora, mas poderia ser estendida por muito mais – pois assunto não faltava.

A CPI da Pandemia entrou na prorrogação por mais 90 dias na véspera da entrevista, realizada na quarta-feira, 4 de agosto, e agora deve entrar na etapa conclusiva, ao final da qual será votado o relatório com a relação de todos ilícitos cometidos pelos altos funcionários do governo Bolsonaro. Não será missão fácil, pois a CPI não tem o apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira, nem do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que só autorizou a abertura da CPI sob ordem do STF.

Assista a íntegra da entrevista clicando aqui

Alceu Nader

Escrito por
Alceu Nader
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